Brincar de variar as velocidades de diferentes ações e movimentos.
Fazer todas as cenas da telenovela criada dentro da peça em um ritmo bem mais lento do que aquele que os atores se habituaram.
Desacelerar.
Atuar lentamente sem perder o fio que dá coerência e sentido às falas e às ações. Não cair no adormecimento. Não perder a vida pulsando. Redescobrir intenções e reações.
Estas indicações levaram os atores a uma zona desconhecida e viva. Como quem se equilibra numa corda bamba, em cada micro partícula de cena, reorganizavam-se naturalmente no instinto de manter a situação teatral verossímil.
O confronto entre o comando de realizar todas as ações numa velocidade mais lenta e a construção elaborada até agora, fez com que novas e potentes intenções saltassem. Como numa decupagem minuciosa, era possível assistir a toda trajetória de intenções sem que para isso os atores precisassem sublinhá-las grosseiramente.
Além da “decupagem interna”, naturalmente as relações com o espaço também ficaram mais claras. A relação do corpo com o espaço, do corpo em relação aos outros corpos, do corpo em relação a ele mesmo se mostraram mais precisas e quase pictóricas.
Pergunta que na minha opinião deve estar presente em todos os ensaios a partir de agora: de que forma evitar que esta plasticidade seduza a plateia a tal ponto que a mesma chave ligada no piloto automático para absorver qualquer produto da indústria de entretenimento acabe por não ser desligada? De que forma evitar que a peça também seja absorvida pelo modo de recepção do sistema?
Marina Corazza
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Um comentário:
Desacelerar. Estar explodindo por dentro, mais por fora, deixar transparecer a calma, os curtos movimentos, e a leveza de cada um deles. Mt, mt bom *-*
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